No paredão: Batman
“Se a análise política ficou impossível no Brasil, voltamos ao filme”, palavras de Arnaldo Jabor no subtítulo de seu texto “Batman é o Rockefeller com asas”, publicado nessa terça-feira, 05 de agosto de 2008, na página 10 do Segundo Caderno-O Globo. Se o próprio admitiu que foi ver denovo o filme, perdi a minha vergonha de voltar ao tema dessa vez com todos os spoilers, possíveis e impossíveis. Por isso se você não viu ainda o filme e tem interesse em ver, não leia o resto desse texto, porque vou falar tudo sobre o filme. Mas, se já viu, gostando ou não, acompanhe, por favor, o meu raciocínio.
PÚBLICO
CRÍTICA ESPECIALIZADA
Chamo de crítica especializada em Batman, não os críticos formados entusiastas de Kubrick que nunca leram uma hq, mas sim os nerds que escrevem suas críticas em sites, blogs e divulgam suas opiniões em podcasts. Falo de Marcelo Forlani, do site Omelete, que acompanhou bravamente o ARG de Batman em São Paulo, um jogo de detetive que passa informações até anteriores a estória contada no filme, mas que tem relação intima com este, como a campanha I believe in Harvey Dent, ironizada por Bruce Wayne em sua festa, que os mais bem sucedidos participantes do jogo tinham direito a prêmios e também a assistir trailers. Vale mencionar também o Thiago Siqueira do site Cinema com Rapadura que enumera no rapaduracast n.°86 em detalhes cada citação de quadrinho existente no filme da primeira aparição do Coringa vestido de policial à Piada Mortal de Allan Moore, o homem que odeia adaptações de quadrinhos para o cinema. Como disse Carlos Voltor no nerdcast n.°120, o filme não precisa mostrar nada, não tem uma gota de sangue. Aprende Tarantino!!! Nolan muito esperto acabou jogando a classificação do filme para 12 anos, por causa desse mero detalhe, a falta de sangue num filme hiper violento mais ou menos como disse o Jabor: “...com a espantosa evolução da reprodução digital, nasceu um novo tipo de violência simbólica, a violência de forma, as tempestades de cortes infinitos”. Ou seja, aparece o Coringa puxando de surpresa uma escopeta, você o vê atirando, mas não vê o atingido. Na parte do interrogatório você vê o Batman dando murros no rosto do Coringa que derrubariam paredes, mas não há uma gota de sangue. Será que Nolan é um daqueles que desmaiam quando vêem sangue, e por isso excluiu isso do filme? Ou é mera esperteza com eu já falei.
CRÍTICA NÃO-ESPECIALIZADA
Os críticos formados que citam cada personalidade que aparece rapidamente naqueles vídeos do Oscar, e que nunca tiveram interesse em colecionar quadrinhos, procuram referências nos clássicos do cinema para comparar com Batman. Já ouvi de Serpico à Poderoso Chefão, um êxito muito grande para uma chamada adaptação de quadrinhos, que seguem quase sempre o mesmo esquema. Ousar tanto, se preocupar tanto com o apuro na qualidade, não se preocupar com o público médio, pode ser um tiro no pé, mas não quando se trata do personagem a qual estamos falando. Uns desapontados, outros com a convicção que viram ali o melhor filme lançado pela Wanner Bros. em toooodaaaaaa sua existência. Jabor, em seu texto mencionado supra, aproveita para fazer uma observação interessante: “Há uma suprema ironia no final. No filme, o Coringa não morre, para permitir a continuação da saga, para os lucros de futuras produções. Mas, na vida real, o Coringa Heath Ledger morre, sim, logo depois. Que prejuízo...”. Bem, o Coringa não morre no filme como aconteceu na produção de 1989, porque é assim que ocorre nos quadrinhos sempre. O inapropriado senso de justiça não permite ao Morcego punir com a morte seus vilões e o Coringa no filme diz que nunca mataria o Batman, pois ele é muito divertido, e que eles poderiam ficar nessa a vida toda. Não estou dizendo que Nolan não quis faturar, pois senão nem teria realizado o filme, muito embora acredite que o tenha feito com muito afinco e amor ao bom cinema, e respeitando a origem do personagem, etc. O que eu afirmo é que se Nolan quisesse realmente faturar teria simplesmente pausado na parte que o Coringa bate palma para a conquista ao posto de Comissário por Gordon, e deixaria aquele longo terceiro ato do filme para ser o início do próximo da franquia, tal como fez Tarantino com Kill Bill Vol.1 e 2. Mas, antes disso já é visível que Nolan gosta mesmo de retratar estória com início, meio e fim.
TRILHA SONORA
Eu acho uma sacanagem a Orquestra que regeu a trilha sonora de Batman não ter uma participação especial no filme. Podia aparecer Bruce Wayne indo à Ópera sabe. "I'm Not A Hero" de Hans Zimmer & James Newton Howard tem que faturar a próxima estatueta, porque é simplesmente perfeita sabe. Você pode escutar clicando abaixo:
CONTINUAÇÃO
Seja qual for Mulher Gato no elenco, por favor!!!
2 Comments:
Acho legal ver a "elite intelectual" do país discutir o filme, mas fico p. da vida em ver determinadas coisas q eles falam por não saberem o que está por trás do que tem sido feito com o Batman no cinema e não conhecerem as hqs. Fiquei p da vida com o Zeca Camargo pq ele reclamou do filme estar "sério demais". Alguém manda ele ler Cavaleiro das Trevas pra ver o q é seriedade?
É a isso que eu me refiro qdo digo q TDK não deveria ser visto como um filme de hqs. Enqto houver essa "classificação", as pessoas já encaram com menos...hã...respeito que o filme merece.
Ouvi falar muito tmb em alegorias políticas. Na segunda vez q eu vi o filme, até que eu captei algumas, mas dar nome aos bois é complicado.
Eu fico lembrando com isso o discurso do Frank Miller numa premiação que teve aí, em que ele disse que agora as coisas são diferentes e que agora dão valor ao ramo que ele trabalha que por um bom tempo era tratado como lixo. E quanto aos críticos a gente escuta m#rda até dos leitores dos quadrinhos mesmo.
Beijos Luiza e obrigado pela visita.
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