quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Oscar de melhor filme de 2008


"Conduta de risco"
by.Queiroz


Eu vi “Conduta de risco” (Michael Clayton, no original), no ano passado, mas ainda guardo boas recordações do filme. O título em português do filme, foi uma coisa que não entendi, pois se o Michael Clayton, fosse um boxeador, o nome do filme seria “Michael Clayton, Um lutador”, se fosse um negociador da polícia, o nome do filme seria “O negociador”, mas já que é um advogado o nome do filme é “Conduta de risco”, que lembra mais o título de um filme do Van Damme. O desdém à profissão é demonstrado, claramente, no filme na parte em que um dos clientes da agência de advogados da qual o protagonista faz parte, o chama a atenção por terem dito que ele era o melhor, e Michael face a ignorancia de seu cliente, explica seu desinteresse, demonstrando não ser o advogado certo, para esse tipo de caso. Michael Clayton, é profissional dos casos de rápida solução, corrigindo os erros dos outros advogados de sua empresa, e se vê num conflito quando seu amigo Arthur, tira a roupa numa sessão de julgamento, exatamente na defesa de uma mega empresa de fertilizantes, no maior processo já impetrado contra esta. Arthur é interpretado pelo ótimo Tom Wilkinson, que já tinha chamado a minha atenção como Carmine Falcone em Batman Begins, que aliais foi tão bem que dispensaria a presença dos vilões Ra's Al Ghul e Espantalho, os deixando para as seqüências. Mas, continuando, apesar de o protagonista ser um advogado, não é um filme de tribunal, tão pouco de investigação. Os fatos são revelados ao público com completa honestidade, demonstrando o quanto Karen Crowder (Tilda Swinton), é sórdida que até manda matar para defender os interesses de sua empresa. Mas, antever os fatos, antes do protagonista dá certo em novelas ou séries, mas em filmes fica chato. E eu tiro meio ponto do longa, por causa de um recorte de uma bela cena em que Michael fica emocionado ao encontrar três cavalos em uma colina durante o amanhecer, que poderia ter seguido o andamento natural do filme só aparecendo perto do final, mas o diretor Tony Gilroy preferiu exibir a cena no início do longa, a devolveu ao seu devido lugar depois, tirando assim seu impacto. Poucos sabem fazer recortes de cenas apropriados, entre os que sabem cito Quentin Tarantino e o nosso ganhador do Urso de Ouro, José Padilha. Mas, fora isso, um ótimo longa. NOTA 9,5.




"Onde os fracos não têm vez"
by.Queiroz

Os mais velhos vão citar o “O bom, o mau e o feio”, o clássico de Sergio Leone, estrelado por Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach, até pela forma como são apresentados os personagem no início do filme, o Xerife Ed Tom Bell(Tommy Lee Jones), Llewelyn Moss(Josh Brolin) e Anton Chigurh(Javier Bardem). E os mais novos podem ter como referência o Quentin Tarantino. Se Tarantino tivesse “maturidade”, abrindo mão de suas marcas registradas como fez em Kill Bill Vol.1, creio que talvez concebesse "Onde os fracos não têm vez". A crueza da violência demonstrada no filme, é sem dó. O cilindro de oxigênio usado por Anton é uma forma de dar idéia pra maluco. Os olhos lacrimosos de Anton, dão aquele traço de humanidade, completamente ausente em suas atitudes. Sim, ele é humano, não um robô do futuro que não sua, não se fere e não se ofende. Extremamente perverso, ele se acha um ser humano digno, ao decidir se vai ou não executar uma pessoa no cara ou coroa. O filme não mostra flashbacks, nem depoimentos para justificar a insanidade daquele homem. Como disse uma personagem do filme, é apenas alguém sem senso de humor. “Mas, e o filme?” Resumindo, um veterano do Vietnã, Llewelyn Moss, após praticar seu hobby de atirar em servos no meio do deserto do Texas, encontra uma pilha de corpos e uma caminhonete cheia de pacotes de maconha, e acha, ao lado de um homem morto, uma mala cheia de dólares. Daí, Anton, o maior assassino que trabalha sozinho no mundo, fica no seu encalço. E o Xerife Ed Tom Bell, tenta encontrar Llewelyn antes de Anton. Daí pra frente qualquer comentário seria um crime imperdoável estragando as boas surpresas do filme. Minha nota é 9,0 para o filme, pois parece que virou de praxe para boa parte dos bons filmes lançados ultimamente, serem ótimos e inovadores, mas os finais são muito ruins. E acho que a escolha do título em português, foi um erro muito feio. O título original “No Country for Old Men”, traduzindo “Sem país para os velhos homens”, sugeria ter sido feita uma escolha para o título como “Sem lugar para os heróis”, ou “Onde os heróis não tem vez”, que é o sentido literal do filme. No fim das contas eu acho que o Xerife ficou com a grana. NOTA 9,0.




"Juno"
by.Queiroz



Confesso que quando vi o pôster do filme pela primeira vez achei de muito mau gosto. E achei que seguia a linha das comédias escatológicas como “Quem vai ficar com Mary?” e ”O amor é cego”. Mas, não, logo lembrei que surgiu, um novo estilo de comédia, vide “Superbad”, comédia inovadora e que tem algo a dizer. Olha, a coisa boa já começa por manter o título original, sem necessidade de subtítulos, e ainda bem que foi lançado depois de “Ligeiramente grávidos”. Já pensou se tivesse esse título? Que porcaria não ia ser. A abertura do filme coberta com imagens sobrepostas com lápis de cor, dizem: “Lá vem coisa boa!!” Os créditos muito bem apresentados, fazem você ler cada nome com curiosidade. E nessa você vê Juno MacGuff (Ellen Page), bebendo um pequeno tonel de suco de laranja, enquanto caminha para comprar mais um daqueles pacotes para comprovar sua gravidez. Pois bem, uma garota de 16 anos, grávida de seu amigo travado, Paulie Bleeker (Michael Cera), um verdadeiro Charlie Brown (o do Snoopy), só que com mais sorte. Essa é a realidade de Juno, a menina com a língua mais afiada do mundo e um sarcasmo semelhante à de muitas meninas nerds que brindam nossos olhos com seus textos na Internet, que tem uma banda de rock e sabe dirigir. Mais apaixonante impossível. Qualquer um fica com vontade de adotar ela. A pequena Juno não é fácil, pensa alto besteiras quando vê os jovens corredores, e nessa primeira parte do filme deveria ter uma restrição: "Proibido para Maiores de 18 anos", pois todos os segredos deles (delas seria certo, mas falo da juventude em si) são revelados. Pensa em aborto, é lógico, mas desiste tendo em vista uma interferência relâmpago de uma conhecida, o papo esquisito da recepcionista da clínica de aborto e todo o clima estranho daquele lugar. A reação seca e tranqüila do paizão Mac MacGuff (J.K. Simmons), talvez tirasse alguns pontos do filme por sua falta de verossimilhança, mas serve como uma ótima piada para quem está passando por isso, poder dizer aos pais “Viiiiiiiuuuuuuu!!!! Era assim que você deveria ter reagido”, e talvez uma boa forma de dizer à juventude para confiar nos seus pais, acho bem válido. Eu entendi, por isso não tiro pontos. Continuando, Juno antes de dividir com seu pai e sua madrasta seu “problema”, recebeu a sugestão de sua amiga Leah (Olivia Thirlby), de procurar num anúncio de jornal pais adotivos, e Juno acaba indo conhecer os futuros pais adotivos junto com seu pai. É um momento muito importante no filme o encontro entre Juno e os futuros pais adotivos de sua criança. O sarcasmo da menina é 10, e é interessante o fato que quando exposto o gosto musical de Juno face ao de Mark (Jason Bateman), o futuro pai adotivo, vemos o mais velho que admira o rock dos anos 90 e a mais nova, olha só, que curte o dos anos 70, punk rock dos Stooges e Patti Smith. Por outro lado, Vanessa (Jennifer Garner), a futura mãe adotiva, rebate com excessivo controle sobre ele, sendo praticamente A mãe do cara. Ou seja, o filme reforça a velha crença popular: “Mulheres tem mais maturidade que os homens”, isso na postura de Vanessa, face ao seu marido adultescente, e a própria Juno que se desculpa com o Bleeker, pela transa, por que a idéia não foi dele. Tem até umas situações, personagens e informações descartáveis, no entanto no fim das contas o filme é perfeito. Para saber de que tipo de perfeição, eu estou falando, é preciso ver o filme com amor. Veja o filme e você entenderá porque eu disse isso. NOTA 10.


"Sangue Negro" e "Desejo e Reparação" não vi ainda.
p.s A Cameron Dias fazendo biquinho dizendo: "The Oscar goes to..." é inesquecível.