WATCHMEN
by.Queiroz
O filme de Zack Snyder, é um exemplo de como se deve dar trato a uma adaptação ou transposição de hqs para o cinema. Tudo é fabuloso, desde a fotografia à escolha das trilhas sonoras que vão de Bob Dylan a Jimi Hendrix, e sem falar do elenco escolhido a dedo. Não sei o nome dessa técnica do início do filme que as pessoas ficam em pose para foto e ao mesmo tempo há movimento, como a que o Comediante (Jeffrey Dean Morgan), está sorrindo para as fotos segurando o pescoço de um gatuno, e a arma do bandido ainda dispara, assim como várias. Há uma bela imagem de uma manifestante, colocando uma rosa no cano de um fuzil, que dispara o que nos leva a melancolicamente a pensar naqueles que desarmados encaram fuzis pelo que acreditam. Watchmen que pode ser entendido tanto como os vigilantes ou Homens Relógio, faz muito sentido quando é entoada a música de Dylan com os versos “Times they are changing”, casa tanto com o apelido da trupe, dado por manifestantes que tem desagrado contra eles, quanto a passagem de tempo que retrata o fim do grupo de super-heróis veteranos, Os Minutemen, com o surgimento do Watchmen e a instauração da Lei Keene, proibindo as ações dos grupos fantasiados. Aliais a trama perde muito em não incluir as imagens exibidas na campanha viral do filme, principalmente a propaganda governamental realtiva a Lei Keene, uma pena mesmo, algo que deve ser corrigido nas versões em blue-ray. Os efeitos especiais, estão entre aqueles que a última geração presenciou de melhor. Se disputar a estatueta, na categoria de Efeitos Especiais, espero que não a perca para um Benjamin Button da vida. As cenas de violência são sem dó, como seriam numa hq, seguindo o mesmo exemplo de Sin City e 300, em que elas são potencializadas, assim cenas de nudez e sexo. Sim pais, é um filme para maiores de 18 anos. Agora falando do que me desagrada na trama, são as pausas, para explicar as origens, dos personagens. Saber por exemplo, a origem do Dr. Manhattan (Billy Grudup), só foi um bela balde de água fria, e até quando ele volta ao filme dá aquele desanimo, eu pensei: ”Lá vem esse mala, denovo”. Tanto na HQ, quanto pelo próprio Alan Moore e fãs da graphic novel, O Dr. Manhattan é considerado o Superman da “vida real”, razão pela qual o EUA, nessa realidade venceu a Guerra do Vietnã. Aliais um ponto muito forte na trama escrita por Alan Moore, de não adaptar as Hqs ao mundo real, onde os fatos políticos históricos seriam exatamente os mesmos, mas demonstrar como o mundo real seria se os super-heróis fossem reais. Tanto que nessa realidade, Nixon se reelegue, afinal, ganhou a guerra do vietnã. No entanto, devo dizer que quanto ao Dr. Manhattan ser uma versão do Superman na vida real devo veementemente discordar. Pois a despeito de todo o seu poder, o Superman, tem como caracteristica mais marcante o sentimento de altruísmo elevado, e carrega a frustação de que quem ele ama e protege não seja tão indestrutível quanto ele, a começar por seu pai adotivo, que morreu de infarto, mesmo todo o seu poder era inútil para evitar isso, e acaba que devotando a sua vida para proteger o planeta que o adotou de constantes ameaças. Já o Dr. Manhatthan, se tivesse nascido Alemão, o Hitler teria ganho a guerra, pois ele é o Superman imaginado por este, o ser perfeito destituido de sentimentos menores. Aliais diferente do Superman, tão preocupado com o próximo, o Dr. Manhattan, com seus infinitos poderes sob a matéria, tendo até com a capacidade de viajar para Marte, acredita que aquele planeta sem nenhum habitante, está em mais harmonia com a vida do que o planeta Terra lotado de habitantes. Não duvido que o personagem renda uma boa leitura, mas transposto para a tela de cinema, este pode dar as mãos ao Surfista Prateado como um dos personagens mais chatos de hqs. Ele podia levar com ele o Surfista Prateado, o Magneto do desenho X-Men Evolution e o Sylar de Heroes para o Planeta Marte e fica lá, e nunca mais voltar. Uma mala sem alça, e sem cueca. A única pessoa a qual ele nutre sentimento de amor é Laurie (Malin Åkerman), filha de Sally Jupiter (Carla Gugino), e herdou o nome de super-heroína da mãe, Espectral, seguindo o exemplo da mãe, mais para não decepciona-lá, assim como faria uma filha de uma modelo. Namorada do Dr.Manhathan (Billy Crudup), ela sofre por namorar com alguem que aparentemente está por causa dos seus fabulosos poderes acima do bem e do mal, se sentido no fim das contas só, mesmo que seu namorado tenha o poder de criar quantas réplicas quiser de si mesmo, podendo estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. Por causa, de sua investida no mundo dos super-herois, acabou se isolando de pessoas comuns, acaba que por só ter amizade com Daniel Dreiberg (Patrick Wilson), apaixonado por ela. Ela está no grande escalão das musas dos quadrinhos, e com certeza vai virar a fantasia fácil para as mulheres nas próximas festas. O único personagem cuja a origem visivelmente pareceu interessante como um diferencial ao desenvolvimento da trama ao ser transposta para o cinema, foi a do Rorschach(Jackie Earle Haley). Vítima de traumas de infância e de um pior ainda trabalhando como vigilante, é um um homem que esconde completamente seu rosto atrás de uma máscara branca com um desenho rorschach, que são aqueles borrões que os psicologos mostram para os paciente para perguntar o que eles estão vendo. Aliais no filme inexplicavelmente, esse desenho muda a toda hora sua forma, causando até um efeito interessante, mas sem que, nem porque, afinal o personagem, não possui habilidades sobrenaturais. Detetive eficiente mandou vários para a prisão, e em certo ponto da trama é preso tendo que rever seu algozes, aliais uma das cenas mais memoráveis do filme quando os policiais retiram sua máscara ele pede para devolverem seu rosto, e quando revelado, o ator Jackie Earle Haley não deixa a peteca cair, realizando um trabalho impecável. É quase um Clint Eastwood, com sua voz embargada, e amargura e senso de justiça elevado. É comparável ao Marv de Sin City, interpretado por Mickey Rourke, no que tange a passagem de um personagem de Hq para a telona, o tornado mais vivo, crível, e marcante o possível, sem mudar uma linha do texto original. Pena que originalmente ele não seja o protagonista da trama, e até esperava que fosse mais bem explorados seus dotes como detetive, mas sem dúvida é figura que fica de positiva na sua cabeça quando você sai da sala de projeção. No entanto é mais fácil se identificar com o Coruja (Patrick Wilson), um herói a moda antiga, cabeça fria, boa pessoa, entre os Watchmen o detentor de maior bom senso, e possuindo ótimos aparatos tecnológicos, que seriam seus óculos, com visão noturna elevada, capazes de identificar qualquer pessoa, e sua nave, que lembra um mini submarino, seria quase que uma versão moderna do Batman de Adam West. Apaixonado por Laurie (Malin Åkerman), (mas também quem não o é?), no filme cai como o personagem que aparentemente parece ter mais facilidade em lidar com o dia a dia de uma pessoa normal, mas na verdade, essa atitude é uma máscara, para esconder a saudade dos áureos tempos de super-herói, o que lhe causa uma grande frustração, o que chega a lhe dar impotência sexual. Quando resolve voltar a atuar como vigilante, muito é verdade inspirado pela presença de sua amada, Laurie, volta a ter alegria de viver. Dos personagens da trama, é o único que pode carregar tranquilamente a alcunha de super-herói. E quem é o homem que é jogado pela janela no trailer? O comediante (Jeffrey Dean Morgan), alterego de Edward Blake, o começou sua carreira como um vigilante, membro dos Minutemen, nesse universo proposto por Alan Moore, o únicos super-heróis existentes, depois tendo em vista a guerra do vietnã foi inserido em um grupo paramilitar. Machão inveterado, tinha um relacionamento complicado com Sally Espectral (Carla Gugino), a qual uma vez espancou e tentou violentar, impedido por outro membro do grupo de vigilantes a qual pertencia. Desumano ao estremo, é um sádico mata com um sorriso no rosto. Ele crê que a violencia exarcebada e a vitória no vietnã,o retrato mais fiel do Sonho Americano. Seria o Comediante asssassino de JFK? O Comediante não é um anti-herói, ele é um vilão que trabalha do “lado certo”. “Mamãe me perdoe”, ele diz duas vezes, como uma forma de clamar perdão por suas atitudes crueis. É assassinado no início da trama em seu aposentos jogado por sua janela por um homem misterioso. Assim como aconteceu com Hugh Jackman em relação ao Wolverine, Jeffrey Dean Morgan nasceu para ser o Comediante. Por fim, temos Ozymandias (Matthew Goode), alterego de Adrian Veidt, que tornou sua identidade secreta pública, e com isso conseguiu faturar muito dinheiro. Seu codinome vem de um poema de Percy Bysshe Shelley, que descreve a estátua do Rei Ozymandias esquecida no deserto. É o homem mais inteligente do mundo, tem como ídolo Alexandre O Grande, e adaptou os pensamentos do mesmo ao mundo empresarial moderno. Sua capacidade mental é tamanha que chega a influenciar no seu aspecto físico, o tornando um exímio lutador, sendo capaz até de pegar uma bala apenas calculando a sua tragetória. Ele é a compensação por Watchmen não possuir super vilões, sendo o ponto controverso. No universo hq regular, este poderia ficar horas conversando com Lex Luthor, lhe dando ideias bem melhores para o seu planos. Se o Batman de Nolan, continua sendo a melhor adaptação de hqs exibidas no cinema, talvez seja pelo fato que a verdade não é suficiente, as pessoas precisam de algo mais, e também seja algo mais confortável que crer que só um grande mal pode unir a todos. O mundo ainda não está preparado para Watchmen, assim como Rorschach, para as ideias de Ozymandias.