Viajando legal
by.Queiroz
Eu cheguei atrasado à sessão de O visitante, mas peguei a parte que é o ponta pé inicial da trama que é o primeiro encontro entre Walter Vale (Richard Jenkins) e o casal Zainab (Danai Jekesai Gurira) um músico sírio e Tarek (Haaz Sleiman) uma senegalesa vendedora de pulseiras trançadas. Em situação ilegal nos EUA, o casal viu como uma forma de refúgio o apartamento de Nova York do Prof. Walter, no total desconhecimento deste morador de Connecticut, que a principio os despeja de sua casa mesmo que de forma cordial, tendo em vista que estes só usaram o apartamento, pois foram enganados por um homem de nome Ivan. Quando Walter percebeu que o casal não tinha onde ficar os convidou para ficar enquanto não encontrassem um lugar melhor. O filme começa em ritmo lento com o súbito interesse de Walter pelos dotes musicais de Tarek, que o ensina a tocar tambor, sendo até essa parte me levando a crer que seria um filme sem nada demais, só uma composição sobre choques culturais. Mas, aí a virada acontece quando num desentendimento no metro Tarek é preso. Aí que a filme ganha corpo para discutir o tratamento dispensado aos imigrantes ilegais nos EUA. Quem se diverte com a série criada por Joel Surnow e Robert Cochran, talvez não faça idéia do tratamento dispensado a imigrantes, que não cometeram crimes, mas são tratados da mesma maneira que terroristas. Essa gana em achar o “inimigo” criou uma loucura generalizada nos EUA. É “divertido” em séries e em filmes no fim das contas se torna o grande pesadelo para quem quer entrar pela janela na terra dos sonhos, ou mesmo quem possui o Green card. O desenho das torres gêmeas na parede no Centro de Imigrantes Ilegais no Queens, pode ser entendido até como uma metáfora para dizer que para os estrangeiros não houve mudança significativa nesse sentido, mas para os norte americanos sim. Mas, não só de xenofobia é feito o filme, o affair entre Mouna (Hiam Abbass), mãe de Tarek, e Walter ganha a viés de clássico do cinema.
Entre os muros da escola
by.Queiroz
Entre os muros, é um filme que condensa na tela todas as possíveis situações que poderiam ocorrer em um ambiente escolar. Vai do professor que tem total controle sobre a turma ao que perde controle sobre essa. Os alunos falastrões aos mais recatados. O aluno problema. As reuniões de professores com a diretoria, para discutir sobre os métodos de punição dos alunos desajustados à cafeteira. A conversa entre Professores e Pais de alunos. Os conflitos pessoais aos quais os alunos fazem questão de dividir com seus professores, e os outros que não. Mas, é um filme, vamos falar dos personagens. Começando pelo Professor de Frances François Marin (François Bégaudeau), ele já entra na sala de aula pela primeira vez sabendo que não será fácil trabalhar com aqueles alunos, por isso os chama para o confronto a toda hora, puxando deles todo o seu conhecimento, ou desconhecimento por assim dizer. Dos alunos os destaques ficam por conta da Esmeralda (Esmerálda Ouertani), acho que a preferida de todo mundo, que é A debochada da sala, sempre junto de sua amiga Khoumba (Rachel Régulier), que só não é mais confrontadora que o aluno Souleymane (Franck Kelta), sempre sentado no fundão da sala, com voz ativa, a despeito de suas limitações em interagir de forma produtiva nas aulas, parecendo só conseguir se comunicar bem com Boubacar (Boubacar Thouré). Não só o imigrante chinês Wei (Wey Huang), é o deslocado no contexto de origem daquela sala, mas quase numa totalidade todos os alunos daquela escola da periferia de Paris. Já vi Mentes Perigosas, Ao mestre com carinho e Meu mestre, minha vida, mas acho que O filme de sala de aula é sem dúvida Entre os muros da escola.