quarta-feira, abril 07, 2010

Uma crônica de 2 filas e 1 show

by.Queiroz



Eu ainda me lembro do meu tempo de adolescência em que meu grande ato de rebeldia era pegar um microsystem estilo negão dos states e botava uma fita do Guns n Roses. Certa vez um vizinho do 2.° andar desceu até a garagem e veio dizer: “Eu adoro Guns n Roses, mas minha filha recém-nascida está dormindo”. Eu abaixei o volume. Esse “Adoro Guns”, do vizinho não me soou falso, pois todo mundo mesmo, curte o Guns, do roqueiro ao pedreiro. Um fenômeno que só vejo de forma semelhante com o Legião Urbana. Na primeira data prevista do show no Rio, eu estava naquela fila da Apoteose, eu levei chuvão na cabeça, e passei mal no ônibus para casa de tanto que bebi na fila com uma galera muito maneira que conheci lá. Passaram os dias, novamente a mesma fila, e a galera com a qual bebi na outra vez, e como diz a propaganda enganosa, com moderação. Quase que dá para entender a mentalidade da galera glam-hardcore, pois dá uma mulherada linda nesses shows, saudosas da fase mion de Sebastian e Axel. Por falar nesses senhores, eles são o Romário e o Zico do rock n roll. Passa o tempo, e mesmo com toda a bateria de mimimis, em relação a sua atual carreira e aparências, eles continuam jogando aquele bolão. Mas, antes dos T.Rex (não essa é outra banda) rock subirem no palco, abriram os trabalhos uma tal de Majestike, que tinha uma mocinha a frente lembrando muito bandas como Flyleaf, Evanescence e porque não dizer Pitty, e acabou surpreendendo fazendo uma versão roqueira de Poker Face da Lady Gaga, que ao invés de resultar em arremessos de garrafas plásticas, a exemplo de Carlinhos Brown, arrancou risos e pulos da platéia. Inexplicavelmente o telão estava desligado. O Sebastian tinha no bolso seu repertório do Skid Row: 18 and live, Monkey Business, Wasted time, I remember you, e passando disso vem o repertório ininteligível hardcore, que não faz a minha cabeça. Chegou a vestir a camisa da Seleção, mas pelo calor, resolveu jogar de volta para platéia. Diferente de outras apresentações, em que as bandas de abertura fazem o possível para que os presentes esqueçam o número seguinte, a toda a hora o Sebastian puxava o coro da platéia: “Guns...n...Roses!!!”. Telão ligado com a capa do novo disco do Sebastian, sendo a platéia fadada a curtir o show inteiro a olho nu. E logo quando terminou já esperávamos que em poucos minutos, o Axel chegasse com sua galera. Demorou duas horas para entrarem no palco, sob clamores populares de “Trabalho amanhã!!”, “Slash, Slash!!”, e várias baixarias. Mas, quando o Guns invadiu o palco, tocando Chinese Democracy e logo em seguida mandando: “You know were you are?!”, foi um momento único, arquibancada tremeu, o coro ecoava pelo Rio de Janeiro, demais sabe. Do que lembro: O guitarrista, que não é o DJ, com sua guitarra de dois braços no melhor estilo Jimi Page, tocando o tema do 007, para logo depois Axel executar o clássico de Paul MacCartney, Live or Let Die. Muito me surpreendeu e deixou muito feliz, o breve cover de Another Brick in The Wall, logo seguida de November Rain. E porque não dizer também que muito me surpreendeu o Axel correndo pelo palco como se estivesse no Rock n Rio II, literalmente ignorou o tempo que passou. Achei o arranjo de You Could Be Mine, um tanto estranho, e era uma das minhas grandes expectativas para o show. Tinham vezes que o som do microfone de Axel falhava e o povo tinha que dar aquele up para o show seguir bem. Mas, com tantos clássicos cantados de cor como Patience, a de Bob Dylan Knock on Heavens Door, Nighttrain, nós ficamos muito é felizes. Eu que vi com um certo desdém os moleques de bandana tive que engolir uma afirmativa de uma mãe atrás de mim na arquibancada: “Esse pessoal no tempo do Rock n Rio II via show da Xuxa”, pois é vou dizer o que em minha defesa?Eu tinha 15 anos... Nós cariocas, temos a vaidade de achar que o tal lugar que Axel pede para ser levado onde a grama é verde e as garotas são lindas seja aqui. O mais americanizado dos rock stars é amado no Rio de Janeiro e conclui seu show ao som do hino nacional brasileiro, entoado num lindo solo de guitarra. Thank’s Axel.