Festival do Rio - parte.1
Direção: Gustavo Pizzi
Roteiro: Gustavo Pizzi e Karine Teles
Elenco: Karine Teles, Camilo Pellegrini, Otávio Muller, Dany Roland, Lucas Gouvêa, Patricia Pinho, Cecília Hoeltz, Otto Jr., Gisele Fróes País: Brasil Ano: 2010 Duração: 85min
Riscado é um daqueles poucos filmes em que o realizador (Gustavo Pizzi) pode dizer sinceramente que poderia ter acontecido com você. Bianca (Karine Teles) é o retrato de muitas batalhadoras invisíveis aos olhos de nosso cotidiano. Bianca (Karine Teles) pode ser aquela menina que te deu uma filipeta numa fila da boite, pode ser a Marylin Monroe na festa de seu pai, pode ser aquela atriz desconhecida daquela peça que você viu em um teatro quase vazio, ou mesmo aquela estreante no cinema que você viu numa reportagem em algum canal de Tv. Enfim, Bianca (Karine Teles) pode encarnar múltiplas personalidades, mas sem dúvida é uma só. Após fazer seu primeiro teste de elenco surpreendendo os peneiras com toda sua entrega e sua encarnação da Marilyn Monroe, tem a oportunidade de estrelar como protagonista em um filme estrangeiro, sendo que a matéria prima do tal filme é sua própria vida. E nós testemunhamos como é seu cotidiano tendo que agüentar os caprichos de seu chefe insuportável, responsável por divulgação de eventos, a dificuldade de seu amigo diretor de teatro (Otávio Muller) conseguir público e dinheiro com sua peça de teatro, a confusão que certas pessoas fazem entre atrizes e prostitutas, etc. São ótimas as cenas que Bianca (Karine Teles) junto com a equipe do tal filme fazem o brainstorm, colando no quadro cada situação e fala, você testemunha um making of do tal filme dentro desse filme que estamos assistindo. É tocante quando vemos os olhos lacrimosos de Bianca ao passar o texto relativo a uma situação constrangedora que esta passou, e o pessoal da produção diz: “Prostituta é muito forte” “Que tal stripper?”, e esta ri, até diante da ignorância dos colegas de esta ter passado realmente por aquilo. E é isso que é o forte do filme, você pegar intimidade com a personagem, e por pior que seja a situação que ela encara no terceiro ato, você pensa: “Ela é capaz de passar por isso, e superar, ela tem essa capacidade”. E por mais amargo que seja o final, você continua torcendo por ela após a projeção. E por muitas que nem ela na vida real.