domingo, março 29, 2009

Che, O argentino

by.Queiroz




Diários de Motocicleta e Che têm pelomenos uma coisa em comum no que tange a narração sobre Ernesto Che Guevara. Ambos os filmes te dizem: Você tem que estar do lado dele. Impossível, assistir a um filme sobre Ernesto sem querer estar na garupa da Poderosa, ou não querer ser um alistado no seu exército revolucionário. O envolvimento do espectador é fundamental. Benicio Del Toro está tão Che, quanto Val Kilmer está Jim Morrison em The Doors. Não há como desassociar as personas. Os trejeitos, a asma e a fala, tudo foi bem elaborado por Del Toro. Mas, devo dizer, que quem mais me impressionou, foi o ator mexicano Demián Bichir que interpreta um verborrágico Fidel Castro. É interessante a parte em que Fidel alerta o amigo Che, de este ser muito afoito, se arriscar no campo de batalha. Essa cena já traça o diferencial entre os dois, o quanto Fidel, sempre teve a visão de líder político e Che por sua vez o idealista que quer por em prática as suas ideias. Se eu disser que Raul Castro é o papel da vida de Rodrigo Santoro, estarei mentindo, mas o rapaz faz bonito, em curtos momentos de projeção falando em espanhol. Posso dizer que é a melhor participação dele em filme estrangeiro. Abrindo um pequeno parêntese, fiquei feliz em ver a nossa Alice Braga no trailer de Território Restrito (Crossing Over, no original), filme que conta com a presença de Harrison Ford. Também vi o trailer de Valsa com Bashir, sensacional. Mas, voltando, Che, O argentino, demonstra tanto nos diálogos quanto nas ações armadas os passos da revolução cubana. Há também um ponto que quebra a narrativa linear que é o retrato do momento de sua presença na 19.ª Assembléia Geral das Nações Unidas de 1964, sendo sabatinado por jornalistas e lideres. É bom ver no filme, Che demonstrando os seus dotes como médico, algo muito mais acentuado em “Diários”, por motivos óbvios. E outra coisa que me agradou foi a atuação da atriz colombiana Catalina Sandino Moreno que interpreta a segunda esposa de Che, a cubana Aleida March. Assim quando ela entrou em cena de tão bela, já sabia qual seria seu papel na vida de Che, eu até então não sabendo desse fato pessoal na vida de Che. O filme é muito bem acabado na sua fotografia e as cenas “de ação”, funcionam muito bem. Se você questiona se Che é no fim das contas um usurpador, a última cena seria uma resposta para tanto. Nas palavras do próprio, não há uma revolução escondida, não há um revolucionário que não seja guiado por um sentimento de amor. E Steven Soderbergh demonstra muito amor ao cinema com esse filme. Estou ansioso em ver a segunda parte.