Benjamin Button
TEXTO NÃO RECOMENDADO PARA QUEM NÃO ASSISTIU AO FILME.
A cena mais triste do filme é a que se aproxima de sua conclusão, em que a Sr.ª Daisy (Cate Blanchett) olha para os olhos do bebê Benjamin e constata que ele a reconheceu e o mesmo fecha os olhos dando um fim aos seus 80 anos de vida. E que vida ele levou. Navegou, participou de uma batalha em alto-mar, deitou-se com mulheres da vida, amou duas mulheres, uma que adorava a sua companhia, e conversando toda a noite até o amanhecer (Elizabeth - Tilda Swinton) e a outra Daisy (Cate Blanchett) o amor de sua vida, a mulher pela qual ele queria “envelhecer” ao seu lado. Nessa vida ao contrário, Benjamin (Brad Pitt) viu muitos dos seus morrerem “cedo”, ele que foi deixado na porta de um Asilo por seu pai (Thomas Button - Jason Flemyng), sendo acolhido por uma jovem (Queenie -Taraji P. Henson) que não poderia ter filhos, e apesar dele ser diferente, era uma criatura de Deus como qualquer outra. Se você pensar bem pessoas idosas não deixam de voltar a ser crianças de certa forma. Acabam voltando as fraudas de qualquer jeito. E passar os anos e ter a sensação que está mais sadio e mais jovem, não é uma exclusividade da ficção. É engraçado quando o Capitão (Jared Harris) questiona Benjamin se com “todo o seu tempo de vida” nunca tinha conhecido uma mulher e após ouvir a resposta retruca de como aquilo era triste. Tal a intimidade do espectador com a estória, que acaba sendo convencido da virgindade daquele menino velho. Quando ele vai rejuvenescendo e na medida em que chega ao ponto em que a mulheres da sala escura começam a fazer fiu-fiu, você acaba achando que o trabalho de Brad Pitt nessa etapa do filme acabou e que tudo seria mais fácil, e que não haveria mais o porque de ficar envolvido com a estória. Que nada. É triste quando Benjamin chega a conclusão do inevitável após a informação da gravidez de sua amada Daisy, constata que não poderia ter uma vida como a de qualquer pessoa. Que sua velhice precoce, não se comparava ao ardor de sua inevitável juventude, e que não poderia ser pai, e que muito menos poderia fazer sua mulher se tornar a sua mãe. Por isso ele se afasta, vai ver o mundo experimentar as mais diversas sensações, conhecer diferentes povos e cada lugar que ele foi, fazendo questão de enviar uma mensagem a sua filha de como gostaria de estar presente e as lições que a vida estava lhe dando. E Caroline (Julia Ormond) nesse momento em que esta lendo essa parte de seu diário sente vontade de ter conhecido melhor seu pai, e não ter apenas cumprimentado ele uma única vez aos 12 anos. É um filme diferente de outros que eu vi que falam sobre a passagem brusca do tempo. E fiquei atordoado com a imagem do Benjamin aos 12, sem memória, sem novos rumos e evidentemente sem um futuro. Porque se em Click do Adam Sandler e o Homem Bicentenário do Robin Willians, te dão a sensação que ainda dá tempo, nesse você sai da sala com aquela coisa de: ”Eu não fiz nada ainda” ou “Tudo passa rápido demais”. O que eu posso dizer como um alento que o filme não nós dá? Sinceramente, não sei. Prefiro fechar o texto com a clássica frase de John Lennon: “A vida é aquilo que acontece com você, enquanto está ocupado fazendo planos“.