O leitor
O leitor é um filme de amor ou filme político? Depende de quem assistiu. Os que se identificaram com o garoto do primeiro ato que se relaciona com a mulher mais velha ou os que dão mais importância ao julgamento ocorrido no segundo ato. Sinceramente não sei. Teve um crítico do Jornal O Globo que estragou o filme para mim, por contar um detalhe importantíssimo da trama. Eu concordo com você que o público sozinho poderia chegar àquela conclusão sem a necessidade de flashbacks, mas com pessoas como você literalmente contando, fica mais difícil considerar o filme relevante, você não acha?! Bem, voltando, sobre o 1.° ato, dá para perceber bem que Hanna tem olhar distante, tem a situação sob controle, nunca diz “Eu te amo” e sempre deixa visível a possibilidade de terminar aquilo na hora que ela quiser. Por outro lado Michael com pouco tempo de relacionamento, já acha que eles viverão a vida inteira juntos, sem mal se conhecerem profundamente. Há uma cena em que Hanna (Kate Winslet) e Michael (David Kross) comem em determinado restaurante com mesas ao ar livre e a garçonete chega para o Michael e diz: “Espero que sua mãe tenha gostado”, e ele não nega, mas quando ele volta a ficar ao lado de Hanna faz questão de beijá-la na boca para demonstrar que é sua. Quando chegamos ao segundo ato quando descobrimos onde a guardinha de trem foi trabalhar depois de ser promovida, e isso praticamente causar a separação do casal, mesmo que na absoluta ignorância de Michael, este então estudante de direito separado a um bom tempo, vê sua amada sentada no banco dos réus nos Julgamentos em Nuremberg. O terceiro ato, foi o que pegou para o filme. Ralph Fiennes fazendo o papel do Michael mais velho, aquilo ali não dava para engolir de forma alguma. Thomas Kretschmann seria uma melhor escolha para o papel. Para quem não lembra, ele é o Oficial Wilm Hosenfeld que ajuda o Pianista interpretado por Andrien Brody no filme de Roman Polanski. O Lorde Voldermort não convenceu, ainda mais quando vemos Hanna (Kate Winslet) de cabelos brancos na sua frente. Aquilo ali... A estória é muito boa, mas uma pena que a Hanna não seja a protagonista, daria espaço para discussões até mais profundas sobre o filme, no que diz respeito ao seu aspecto político.